quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


A curiosidade faz parte do crescimento. A leitura propicia isso...então:permita que as crianças perguntem sobre tudo e perguntem muitooooo!!!!

Confraternização: Turma de Pedagogia 2010-2

Parte da entrevista sobre textos infantis-REVISTA NOVA ESCOLA

VICHESI. Beatriz. Texto memorizado: modo de usar. NOVA ESCOLA. ANO XXV. NOVEMBRO DE 2010. EDITORA ABRIL. P. 49, 50

1. Por que propor atividades de leitura e escrita?
Elas mobilizam saberes distintos e consequentemente ensinam coisas diferentes. Para ler textos que sabem de cor, as crianças tem de fazer a correspondência entre as partes do texto que já sabem com os trechos escritos, descobrindo a relação entre fonema e grafia, conhecendo letras novas e como se dá a segmentação das frases em pedaços menores e independentes, as palavras. Já na situação de escrita, precisam colocar em cena o nível de conhecimento do sistema alfabético e o que já sabem a respeito da escrita convencional. Com base em tudo isso, fica claro que ambas devem ser realizadas em sala e que uma não é pré-requisito para a outra.

2. Qual texto memorizado devo usar para a alfabetização?
Qualquer cantiga de roda, parlenda ou adivinha que os alunos apreciem. O importante é que todos os alunos saibam o conteúdo de cor e mentalmente. O que define a complexidade da atividade são as particularidades do material e as interações do educador, responsável por criar boas situações de aprendizagem.

3. É interessante propor que escrevam em quarteto?
Não. O processo de interação entre as crianças é muito importante e, quando se trabalha com muita gente reunida, ele não é satisfatório. Escrever a oito mãos é difícil até para adultos. É melhor organizar duplas, levando em conta as hipóteses de escrita para que o trabalho seja realmente produtivo.

4. Na situação de leitura, o que precisa ser problematizado?
Encontrar partes da totalidade ou do verso levando em conta o que os alunos já sabem. Não se trata de caça-palavras, mas de uma situação que faz o grupo enfrentar desafios a respeito da relação entre a parte e o todo. Por exemplo, perguntar onde está escrito domingo em Hoje é domingo, pé de cachimbo. Para responder, as crianças têm de fazer corresponder o falado com cada pedaço escrito. Quer dizer, precisam localizar o verso e depois o que foi perguntado. Tem de pensar como dividir o que falam para encontrarem a palavra no exato lugar em que ela está.

5. E na escrita? Quais são os desafios?
As crianças, para escrever, precisam pensar quais e quantas letras usar e em que ordem colocá-las. Em fase de alfabetização, não é óbvio que tudo o que se fala possa ser escrito na ordem em que é dito. Outros pontos interessantes para explorar com eles são a escrita de artigos, monossílabos e palavras curtas, já que isso vai contra a ideia que os alunos têm que para escrever são necessárias no mínimo três letras.

6. A lista de nomes da turma pode ser usada como apoio?
Para atividades que tenham como foco a leitura, não. Lê-se para escrever, mas não para ler. Para localizar fragmentos do texto, os alunos precisam pensar em como vão partir do falado para tal, o que vão considerar como um pedaço para achar todos os pedaços. Não é necessário buscar pistas fora do material: o problema é descobrir onde está escrito, não o que está escrito. Para desafios que envolvem a escrita, sim: pesquisar em fontes externas o jeito certo de escrever fragmentos que se quer útil. Para escrever “cachorrinho está latindo”, se as crianças recorrerem a lista de nomes e encontram Camila e Karina, o professor tem uma situação para discutir.

7. É válido o grupo ditar para o professor escrever?
Sim, desde que ele atue como se só soubesse as letras, ou seja, não deve agir como um escriba. Tem de ser simplesmente a mão que escreve o que os estudantes ditam, incluindo aí os pedaços entre as palavras. Porém é importante observar que, se existirem alunos alfabéticos na sala, a atividade não funcionará. Facilmente eles darão conta do desafio sozinhos, ditando letras ao educador que os demais nem conhecem ainda.